Imigrar traz experiências novas e desafios. Contudo, o choque cultural é inevitável. A solidão de estar longe dos seus entes queridos, a dificuldade de se adaptar a um ambiente desconhecido fazem muitos se sentirem perdidos, sem um sentido de pertencimento ou direção.
Juntamente com os desafios externos, a batalha interna do imigrante é intensa. Sabem o que não gostam em sua nova realidade, mas apresentam dificuldade em identificar o que desejam. Este conflito interno resulta constantemente numa regressão emocional, levando a um desamparo e prisão emocional, devido a comparações dolorosas com a vida anterior.
As lembranças de acontecimentos e pessoas que não estão mais presentes intensificam esses sentimentos, construindo um módulo de desespero psíquico. Todos nós, em algum momento da vida, nos deparamos com esses sentimentos. No entantom, para o imigrante, essa experiência pode ser intensa e paralisante.
Como o imigrante podem superar essa sensação de desamparo e regressão emocional transformando em oportunidade e criatividade, é o desafio.
O processo de reconstrução da subjetividade, embora doloroso, é possível através da análise. A terapia pode desenvolver uma criatividade no modo de viver, reconhecendo e enriquecendo as novas experiências. A construção das novas vivências no campo da descoberta pode transformar a saudade da vida anterior, dos amigos, da família, em lugar de coragem, desbravamento, orgulho, resistência, enfrentamento das adversidades, inclusive em nome daqueles que ficaram para trás. Sentisse merecedor nesse processo é essencial.
Um padre, num filme, disse a uma imigrante irlandesa, saudosa de seu terra e da família: “ A saudade é como uma gripe, logo você a passa para uma outra pessoa”. O imigrante não sente apenas saudade. Uma nova conexão com a vida é possível com o método analítico.